No gráfico temos alguma informações desatualizadas, há um delay, mas não invalida o racional. A questão é o diferencial real de juros entre Brasil e EUA, que acredito ser uma variável de peso na cotação do USDBRL. Hoje o PCE surpreendeu negativamente, vindo acima das expectativas, enquanto o IPCA 15 surpreendeu essa semana de forma oposta. Partindo destes dois podemos pensar em juros no Brasil para baixo e nos EUA em manutenção ou até para cima. O CME Fedwatch já ajustou as probabilidades e houve comentários de membros do FED em direção a 6%. Claro que inflação alta nos EUA dado o patamar dos juros nominais, pressiona o juro real. Porém teria o Brasil reduzindo seus juros reais o que poderia pressionar o USDBRL para cima. Então vejo o dólar em relação ao real barato no patamar atual e caso ele continua em queda vejo como oportunidade. Não é trade, tecnicamente o dólar aponta para baixo em alguns horizontes. Também não dá para pensar no custo de carrego, olhando o histórico recente o CDI ganha de lavada de estar comprado em dólar. É mitigação de risco do portfólio.

Falo isso até para explicar mais o que falei no Comentário Semanal de 21/05 (ideia relacionada), de que não encaixa na minha cabeça USDBRL para baixo. Há outros cenários que enxergo para considerar o dólar barato, não dá para falar de todos, mas retorno da inflação e/ou economia fraca enxergo após aprovação do arcabouço fiscal. No final vou deixar um texto de opinião sobre.

Quem tiver argumentos que enxerga o USDBRL para baixo no médio prazo em diante, por favor compartilhe comigo. O cenário que vejo isso acontecer é de muita pouca probabilidade. Mesmo com commodities acelerando, vejo isso como inflacionário logo dólar barato.

Grande Abraço

Leo

Arcabouço Fiscal e outras coisinhas:

Os destaques não alteraram o texto do arcabouço que agora está no Senado. Apesar de alguns comemorarem o arcabouço por trazer alguma regra fiscal ou previsibilidade, a verdade é que ele é apenas menos ruim do que não ter nada.

O arcabouço induz o aumento de despesas com poucas restrições e nenhuma responsabilização. Está centrado na arrecadação de impostos. No entanto, um aumento na arrecadação, por exemplo, nem sempre é sinal de uma economia saudável. A arrecadação pode subir devido à inflação ou ao aumento de impostos. Portanto, podemos ter um cenário em que a maioria está sufocada pela inflação e pelos impostos, enquanto o governo pode gastar mais.

Além disso, temos a notícia de que o governo federal vai reduzir impostos sobre veículos, promovendo o retorno do "carro popular", que nada mais é do que um subsídio para um setor específico. Podemos pensar: “Ah dane-se que é subsídio, tá caro comprar um carro”. No entanto, essa "vantagem" de hoje voltará para nos prejudicar no futuro. A renúncia fiscal, que é o caso do subsídio, requer uma compensação no orçamento. Essa compensação pode ser feita por meio da redução de despesas ou aumento de receitas. Se a discussão em torno do arcabouço e o abandono do teto fiscal foram justamente devido ao governo querer gastar mais, então redução de despesa é meio improvável, certo? Então vamos ver quem vai pagar a conta.

Alguns podem sonhar que a conta será paga por outra pessoa, mas isso não acontece. Os custos são repassados, ou seja, os preços aumentam e, se não aumentam, alguém perde o emprego. A economia não é linear. Não sentimos os efeitos, consequências das ações tomadas hoje, vamos sentir no futuro. Quando será, ninguém sabe. Há muita coisa que pode acontecer que pode acelerar ou retardar as consequências. Mas pode ter certeza que virão.

Nunca esqueçamos que imposto é uma transferência. Eu trabalho e produzo, transferindo parte dos meus ganhos para o governo decidir como gastar. No entanto, os governos são péssimos gastadores. Portanto, eu deveria querer transferir o mínimo possível e também desejar que o governo gaste melhor. O arcabouço e o subsídio a carros não atendem nenhum desses dois aspectos. É como ser atacado por um batedor de carteiras que cria distrações para roubar você. No final, você se ferrou, é roubado, e precisa trabalhar para compensar a perda.
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Trader / Analista de Valores Mobiliários - CNPI-T 2712

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